29.7.09

APORTES SOBRE O PERFIL PSICOLÓGICO DO CASAL

O CASAL TINHA UMA RELAÇÃO NORMAL, HARMÔNICA
E NÃO TERIA PERFIL PSICOLÓGICO NEM MOTIVAÇÃO
PARA COMETER TAL CRIME".(argumento da defesa)



Dificilmente um sujeito com uma índole e uma educação digna, decente, enfim, amorosa, independente e ética, iria se sentir atraído ou atrair uma moça voluntariosa, autoritária, caprichosa, agressiva e descontrolada como ANNA JATOBÁ


Considera-se, por tudo o que lemos, ANNA uma moça "em crise terminal de adolescência" , mas já com nuances doentios....Seria prudente ter insistido em uma avaliação psicológica, psicoterapia e principalmente MEDICAÇÃO...


Anna, quando participou do assassinato de Isab
ella deveria estar com forte estresse emocional, às raias de um quadro de DISTIMIA (extremado mau humor), que quase sempre antecede à depressão. Portanto, um perigo para si própria e para sua família. Deu-se conta disso, ou alguém a avisou, posto que foi a um médico e estava com uma receita ou uma medicação no armário, ou na bolsa onde não costumam os remédios fazer efeito.
DOENÇA EM DUPLA: (folie à deux)


Existe uma modalidade de funcionamento nas relações humanas, chamada de “complemento”, que é perigosa e explica muito de nossos atritos e desacertos. Existe, no entanto, outra modalidade chamada “suplemento”, na mesma esfera comportamental humana, aqui no caso estamos tratando de um casal. E
ssa modalidade nos enriquece; torna o amor criativo e producente.

Os depoimentos dão conta que Anna Jatobá tinha um apego alucinado pelo marido; mostrava-se possessiva, ciumenta, desconfiada, mau-humorada e vigilante. Esse comportamento caracteriza o que chamamos de “relações simbióticas”, justamente por guardar semelhança com as relações primitivas da criança no ventre materno.


Esses casais que se relacionam na frequência pegajosa de “ventre materno”, vão adoecendo aos poucos e, não raro, sua relação descamba para um desenlace, quase sempre trágico, violento, ou desastroso.


Pode até ser que um membro da dupla esteja mais estruturado, mais saudável, mas com o tempo costuma ocorrer uma DEGENERAÇÃO paulatina, existindo o risco de contágio neurótico.

É, então, quando se verifica um “encaixe” entre os membros e a relação fica num dilema: nem conseguem uma dissolução, nem viver com o mínimo de paz.

Nesse ponto dilemático, o perigo ronda o casal e está configurado o “veneno”, a "força agressiva" que pode ser desferida, também, contra uma terceira pessoa..

VEJAMOS ESSES DOIS:

Anna Carolina mostra-se claramente "dependente" num nível arcaico;( pai ou mãe deixaram uma enorme carência.) O autoritarismo demonstrado por ela é pelo domínio ,para garantir a posse de seu objeto de "amor" ( a pessoa entende esse sentimento como amoroso, mas no fundo ele é movido a ódio) e sua estruturação do EGO é de uma criancinha carente.

Ele, Alexandre, é frio, egocêntrico e deve fazer bem para seu ego
frígido essa importância vital que Anna lhe atribuía. Além de se achar “potente”, necessário, imprescindível (ainda que às custas do pai- este fornecia o sustento e satisfazia caprichos), ou seja, um rapaz imaturo, prejudicado, mimado, sem qualquer escrúpulo, em ser “menino” e em explorar...

Fica, então, mais fácil imaginar que tipo de perfil complementar apresenta esse casal e do como um pode incitar no outro a agressão.


PROBABILIDADES :



Frente a um crime com essas proporções e no âmbito doméstico, surge-nos, automaticamente uma necessidade de compreender o que se passa numa mente assassina.

Do ponto de vista da PSICOLOGIA MAIS FILOSÓFICA E INTERPRETATIVA,considera-se que a psicopatia, uma das possibilidades em jogo, tem um FORTE COMPONENTE ORGÂNICO na sua gênese., mas que além da predisposição genética para uma impulsividade e agressividade dirigida para fora ( heteroagressividade) , o psicopata é prejudicado significativamente pelas transações e intercãmbios emocionais com sua mãe, em tempos bem arcaicos, quiçá na vida intra uterina



QUE HISTÓRIA É ESSA?

Sim, existem mulheres com estranha vocação à culpabilidade ( pela históri
a dela com sua família) e com TOTAL IMPOSSIBILIDADE de amar verdadeiramente seu filho a ponto de não suportar FRUSTRÁ-LO; são mulheres de estrutura emocional fraca, inseguras, não foram amadas por sua mãe e , via de consequência, não CONSEGUEM A FIRMEZA , A ENERGIA E A AUTORIDADE QUE demonstra a mãe que ama verdadeiramente e assim "EDUCA" seu filho, com LIMITES, COM EFICÁCIA,



LOGO:

A personalidade da criança vai sendo “montada” pelos intercâmbios afetivos com sua mãe primeiramente, logo em seguida com familiares mais próximos e logo logo com o grupo social..


“A MÃE, OU SUBSTITUTO MATERNO É O PRIMEIRO PAR HUMANO DA CRIANÇA E "MATRIZ" DE TODO O RELACIONAMENTO FUTURO”...(René Spitz)



Assim, se temos dúvida do diagnóstico de psicopatia em nossas investigações e se tivermos a sorte de nosso objeto de estudo ter mãe, basta entrevistá-la e ENCONTRAREMOS EM SUAS PRIMEIRAS FRASES, AQUELA TENDÊNCIA apontada acima....ela "desculpa", ela "tem dó" ( tem pena) ; ela "acha um motivo absurdo para inocentá-lo", ela foge do assunto, ela , no fundo não supervaloriza seu rebento, muito pelo contrário : ela, a mãe,o “desconsidera, o desqualifica como adulto responsável, posto que o superprotege, como a um bebê: nas entrelinhas está escrito: “tenho muita pena do meu filho” !



Quem tem filho adulto e se referiria a ele assim, nesse tom diminutivo ? Faça você mesmo o teste. Você teria um conceito tão diminuido de um adulto digno de respeito ?

Mesmo o tendo gerado ?

Você desconsidera que ele cresceu ?

Você nega que ele sabe responder por si ?

Certamente você que é uma mãe normal, considera um DESRESPEITO esse tratamento: se não é mãe de um psicopata, ama e respeita alguém que tem sua própria personalidade e que já se diferenciou das pessoas que o educaram, é, então, alguém totalmente original e independente e você faz críticas objetivas e isentas, até porque você o ama com realismo e verdadeiramente !



Dificilmente esse seu filho, afora condições muito adversas, ou acometido de patologias externas, cometeria algum delito como este que estamos tratando...

..mas afinal é possível ter esse distanciamento em se tratando de alguém que se ama tanto ? Sim, o que não isenta da dor, do sofrimento, da indignação e do perdão, mas jamais da “negação” da realidade:


O amor é incondicional, sim, mas sua avaliação é imparcial,ou você sofre de algum distúrbio que antecedeu a maternidade, então, você é incapaz de fazer essa “dissociação” entre o grande e infinito amor que sente por um filho e a avaliação racional de sua pessoa, suas qualidades e principalmente seus defeitos de forma isenta, no mínimo um pai ou mãe imaturo para sê-lo.


Você, é provável, sofre, como eu disse, de um distúrbio psicológico que o compromete nesse papel e é ou foi e continua sendo, um fator de risco para ele; alguém que pode continuar a prejudicá-lo, infinitamente, inclusive não buscando a ajuda terapêutica adequada para tirá-lo de uma crise, ou aliviar um sintoma, num momento adverso !





6 comentários:

  1. Parabens! Muito bom os aportes psicologicos do casal.
    Verdadeira aula.
    Parabens a todas, o blog esta muito bom, informativo e a musica e muito linda.

    Abracos

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  2. Arlete, obrigada pelo apoio. Estamos muito felizes com o resultado do blog.

    Abraços

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  3. Meninas estou boba com esse BLOG, foi realmente feito com muito AMOR e DEDICAÇÂO.
    Parabéns a todas vcs que nos deram esse lindo presente.

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  4. Parabens pelo lindo blog...Não tem com não se emocionar ao entrar aqui...

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  5. parabens pelo blog....não tem como se emocionar ao entrar aqui....

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  6. Vcs já tomaram uma posição, não estão sendo isentas e não há anda de ruim em sê-lo.
    Ao falar sobre os rompantes da acusada parece não perceber que hoje a imensa maioria dos jovens, cada vez mais tardiamente alçados ao mundo adulto, é mesquinho, birrento, agressivo e arrogante - principalmente esses filhos da classe média.
    O comportamento da ré, o que ela aparenta em suas relações permeiam rotineiramente os comportamentos visto nos "bem-criados" jovens.
    Vcs estão, simplesmente tomando partido... façam isso claramente - é uma opção justa, mas não queriam passar a impressão de estarem fazendo um trabalho isento (se há tal intenção) pois isto não seria honesto.
    O direito tenta aproximar-se da verdade real dos fatos, mesmo estudando os autos jamais estaros próximos da verdade e do que realmente motivou tal crime. Infelizmente a sociedade precisa entender o mal como algo endêmico e revestido de completude em alguns seres humanos, mas não é assim, todos nós, em pequenas ou grandes medidas, cometemos atos desaprováveis - daí a maior ou menor intervenção do Estado. E cabe a ele, imparcialmente e desapaixonadamente, intervir, garantido a todos um processo sério e justo. Uma condenação prévia só nos aproxima, como sociedade, dos reacionários e arbitrários - e isso só garante atraso e "trevas".

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