2.8.09

PROVAS DO CRIME QUE CHOCOU O BRASIL

Não há como negar que as provas são contundentes. Como seria possível contrariar todas as evidências físicas e se comprovar uma terceira pessoa? Seria negar o inegável. O crime ocorreu em 14 minutos, da chegada do casal ao prédio até o primeiro telefonema dado ao resgate, pelo morador do primeiro andar, Sr. Lucio Teixeira. O casal chegou às 23h36min - registrado pelo GPS e confirmado pelas declarações de Anna Jatobá - que disse ter sentido o celular vibrar no caminho de casa, ela não atendeu, mas viu que eram 23h30min e estava a alguns minutos de casa.


TELEFONEMA PARA O RESGATE

Ta ouvindo os gritos?”“, perguntou o professor Antonio Lúcio Teixeira, morador do 1º andar do Edifício London, na zona norte de São Paulo, enquanto falava com o Centro de Operações da Polícia Militar (Copom) no dia 29 de Março, numa ligação iniciada às 23h49m59. O Estado apurou que exatamente na hora em que o vizinho chamava o resgate para Isabella Nardoni, de 5 anos, atirada do 6º andar do prédio, ele ouviu a voz de Alexandre Nardoni, pai da menina, berrando que a filha havia sido jogada e a porta do apartamento estava arrombada.

Enquanto o telefonema do morador para a polícia estava em curso, no apartamento dos Nardoni alguém ligava para o pai de Anna Carolina, Alexandre Jatobá, às 23h50m32s. O telefonema dura 32 segundos e praticamente na seqüência, começa outra ligação, também curta, desta vez para o pai de Alexandre, às 23h51m09s. Às 23h51m20s termina o telefonema do vizinho para a polícia. Dezoito segundos depois, é encerrada a ligação para o pai de Alexandre.

Essa ligação gravada pela polícia, mais as ligações feitas para família, registrada pela companhia telefônica e ambas anexadas ao inquérito policial que investiga a morte da menina, é a prova de que Alexandre e Anna Carolina não desceram juntos ao térreo do prédio para verificar o que havia acontecido com Isabella, como alegaram em seus depoimentos. É uma contradição a mais que pode desmontar a versão do casal de que não teria participado do crime.

ALEXANDRE ESTAVA NO APARTAMENTO QUANDO ISABELLA FOI JOGADA DESCEU NO MESMO MINUTO, O MORADOR DO PRIMEIRO ANDAR, AVISADO PELO PORTEIRO QUE OUVIU O BARULHO DO CORPO, LEVOU CERCA DE 2 MINUTOS APOS A QUEDA PARA LIGAR PARA O RESGATE, E A VOZ DE ALEXANDRE FICOU GRAVADA NA LIGAÇÃO. CHAMADAS PARA O RESGATE SAO GRAVADAS. ENQUANTO ISSO, ANA JÁ LIGAVA PARA DUAS PESSOAS DA FAMÍLIA, PELO TELEFONE DO APARTAMENTO. QUANDO O VIZINHO TERMINOU DE FALAR COM O RESGATE, JATOBÁ AINDA FALOU MAIS 18 SEGUNDOS. NENHUM DOS DOIS TENTOU CHAMAR O RESGATE.



SANGUE NO CARRO É DA MENINA ISABELLA

Segundo a perícia, a madrasta desferiu um golpe em Isabella ainda no carro. A perícia identificou pequeno corte acima do olho esquerdo de Isabella, que teria sido provocado por chave ou anel. A coagulação do sangue no ferimento que ela tinha na testa demonstra que a menina foi machucada 10 minutos antes de ser jogada, ou seja, antes de subir para o apartamento.





Em depoimento ao juiz Fossem, a perita Rosângela Monteiro confirma laudos provando que havia sangue em alguns pontos do carro, e este sangue era de Isabella. O relatório final da Polícia Civil sobre o assassinato de Isabella Nardoni, afirma de modo taxativo que o sangue encontrado no Ford ka da família é mesmo da menina.
"O sangue (...) na lateral esquerda da cadeirinha de transporte do bebê, que se encontrava no interior do veículo, tem o perfil genético de Isabella", escreveu a delegada-assistente Renata Helena da Silva Pontes no documento, entregue ao juiz Maurício Fossen e ao Promotor Francisco Cembranelli. A informação sobre o sangue, que tem base no laudo anexado na página 783 do inquérito, é considerada pela polícia como uma das principais provas contra o casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá. Isso porque, na visão da polícia, a constatação do sangue desmonta a versão apresentada pelo casal, que em seu depoimento afirmou que o pai da menina a levou dormindo nos braços para o apartamento, sem ferimento algum.

Um dos peritos do Instituto de Criminalística afirmou à Folha que somente em uma hipótese o sangue encontrado no carro poderia não ser de Isabella: se ela tivesse uma irmã gêmea. (ela não tem)

Isabella chegou machucada ao prédio. A menina também tinha ferimentos internos na boca e um corte na língua, provocados pela pressão dos lábios contra os dentes, possivelmente uma tentativa de calar a criança.
Ela foi ferida na testa por um objeto pontiagudo, e sangrou dentro do carro. Segundo a perícia, havia sangue de Isabella na lateral da cadeirinha, no encosto de cabeça do banco do motorista e no assoalho entre as duas fileiras de bancos. Do carro até o apartamento não havia rastro de sangue. Para os peritos, isso significa que o sangue da menina foi estancado. Para isso, foi usada a fralda de pano, mais tarde encontrada no apartamento. A fralda foi encontrada mergulhada em água com amaciante, mas os exames revelaram vestígios de sangue de Isabella no tecido. Pela seqüência estabelecida pela perícia, a fralda foi retirada do rosto de Isabella na entrada do apartamento, onde começa o rastro de sangue.







SANGUE NO APARTAMENTO É COMPATÍVEL COM FERIMENTOS DE ISABELLA


A quantidade de sangue encontrado dentro do apartamento é realmente compatível com os ferimentos de Isabella. Apenas alguns pontos foram limpos (maior acúmulo de sangue), localizados depois com luminol e crimescope.
O sangue encontrado no apartamento pingou de uma distância entre 1,20 metros e 1,30 metros e é compatível com a altura do pai carregando a menina no colo.



Havia marcas de sangue no hall do apartamento, na sala, no colchão da cama dos irmãos e na tela de proteção. Uma marca de sangue descoberta no quarto de onde Isabella foi arremessada intriga a polícia. A marca é da mão de uma criança que os peritos descartam ser de Isabella e foi deixada na cama mais próxima a porta do quarto.

As marcas de sangue no assoalho, para os peritos, indicam a chegada do pai ao apartamento, carregando a menina no colo; e o momento em que Alexandre ergueu Isabella e a jogou no chão. Perto do sofá ficou a maior concentração de sangue. A menina ficou sentada com a perna flexionada, pingos de sangue em sua calça determinam a posição em que ela ficou. Logo depois, a esganadura, que segundo o laudo foi feita por Anna Jatobá.





Segundo os legistas, o processo de asfixia durou sete minutos. Ela estava viva quando chegou ao solo, o que indica que foi esganada dentro do apartamento. Nos primeiros três minutos, o agressor apertou o pescoço da menina e ela desmaiou. O aperto do pescoço produziu um obstáculo, um impedimento da passagem de ar e a compressão de um nervo, o que provocou, rapidamente, a perda da consciência.

O rascunho do laudo 1.081, que foi feito pelo médico Laércio de Oliveira Cesar com o auxílio de dois colegas, reforça a tese de que Isabella foi asfixiada por esganadura ou sufocamento e teve um osso da mão esquerda quebrado, provavelmente por meio de uma torção.

Legistas disseram que os indícios de asfixia são cinco. O primeiro é uma lesão cervical importante, que pode ter sido provocada com as mãos no pescoço (esganadura) ou com a mão ou algum outro objeto cobrindo a boca e o nariz (sufocamento).

No pulmão, os exames constataram manchas de Tardieu e Paltauf - lesões provocadas pela asfixia. Havia ainda pequenas manchas vermelhas no coração (chamadas de petéquias), e as extremidades dos dedos da menina estavam arroxeadas. Por fim, a língua de Isabella estava entre os dentes. Todos esses são sinais de asfixia.

No caso do osso da mão, a lesão teria ocorrido por torção, e havia sinais de que a fratura ocorreu quando a garota estava viva. Além disso, foi encontrada pequena hemorragia no cérebro. "Isso é comum nos casos que chamamos de síndrome de criança espancada", disse um legista.

A criança poderia ter se recuperado se fosse socorrida. Sem oxigênio, a pressão e os batimentos cardíacos caíram vertiginosamente. O sangue é de um ferimento que ela tinha na testa. O rastro de sangue fica menor no caminho entre a sala e o quarto. A quantidade de sangue encontrada perto do sofá demonstra que a menina foi esganada na sala. É mais um indício de que, quando foi levada para janela, Isabella estava desmaiada. Nessa situação, a circulação sanguínea diminui.

Alexandre corta a tela, volta e leva a menina para a janela. Os peritos afirmam que ele teve a ajuda de Anna Jatobá para passar a menina pela abertura da tela. Foi usada uma tesoura e uma faca para cortar a tela de proteção da janela. Os dois instrumentos foram apreendidos na pia da cozinha do apartamento: uma faca, com lâmina de 21 cm , e uma tesoura de 22 cm . Na faca, não foram encontrados vestígios da rede da janela. Mas, na tesoura, os peritos acharam um fragmento de fio da rede. Ele estava preso na parte central da tesoura, logo abaixo do mecanismo de articulação. E a conclusão: a tesoura esteve em contato com rede de proteção da janela. Em outras palavras, foi um dos instrumentos usados pelo assassino.



MARCAS DA TELA DE PROTEÇÃO FICAM IMPREGNADAS NA CAMISETA DE ALEXANDRE

Os peritos simularam a posição do assassino quando jogou Isabella do sexto andar. Segundo a perícia, o assassino estava com os braços esticados e o corpo pressionava firmemente a tela, segurando Isabella para fora, apoiando parte da frente do ombro. As marcas que ficaram na roupa do perito, durante a simulação, são do mesmo tipo encontrado na camiseta do pai de Isabella - o que leva à conclusão de que Alexandre ficou na mesma posição em que estava o assassino. Foram simuladas todas as possibilidades, inclusive se ele tivesse olhado para tentar ver o local onde o corpo de Isabella caiu. Apenas a posição de quem joga Isabella é compatível com as marcas da camisa de Alexandre.

Imagens do posicionamento de Alexandre na tela, ao soltar Isabella, única posição que seria compatível com as marcas de fuligem deixadas na camisa dele.


“Perita Rosângela Monteiro do Instituto de Criminalística de São Paulo –” Primeiro que foi trabalhoso para conseguir com que fosse encaminhada a camiseta para nós. Mas quando batemos o olho, vimos à marca da tela. Aí, fizemos várias simulações. Quando colocávamo-lo olhando pela janela, as manchas não ficavam iguais. Mas quando fizemos com ele segurando o corpo da filha, as marcas ficaram muito semelhantes. Repetimos o exame, e as marcas ficaram iguais. Com certeza, se alguém tivesse atentado para o rosto dele (Alexandre) na hora em que a menina caiu, teria visto marcas da tela no rosto dele.
“NÃO TENHO DÚVIDAS SOBRE CULPA DOS NARDONI NA MORTE DA ISABELLA diz a perita.”

Para a polícia, a camiseta é uma das provas mais fortes que colocam o pai de Isabella na cena do crime.


VESTÍGIOS DA CENA DO CRIME

Segundo os peritos, logo nas primeiras horas perceberam que havia algo estranho na versão apresentada pelo casal Nardoni.
" O prédio tem uma estrutura de segurança muito forte. As vias de acesso são muito bem vigiadas e a vedação é reforçada. Seria muito difícil alguém entrar ali sem ser percebido. E não havia marcas que indicassem que alguém tentou escapar do local após o crime - disse Rosângela. - A casa estava bem bagunçada, mas era uma bagunça do casal e não feita por alguém de fora. Se fosse um roubo, o elemento teria revirado a casa. E isso não foi feito. Você examinando o local percebia que a história apresentada não batia – afirmou a perita."

Laudo do Núcleo de Física do Instituto de Criminalística (IC) de São Paulo revela que todos os vestígios dos criminosos encontrados no apartamento onde a menina Isabella foi assassinada pertenciam aos Nardoni. Os peritos fizeram também outros testes que resultaram em laudos considerados fundamentais para investigação. E em nenhum momento, durante a inspeção no apartamento, eles encontraram marcas que fossem de alguém estranho à família. Todos os vestígios da cena do crime pertenciam aos Nardoni. Só foi achado um tipo de pegada na cama, onde, segundo a polícia, o assassino subiu em direção à janela. A marca deixada no lençol foi comparada com o solado do chinelo que Alexandre Nardoni usava naquele dia. E os exames apontam: a pegada é de Alexandre, o pai de Isabella.

Para os peritos, a única forma de o assassino jogar Isabella pela janela seria subindo na cama.

Em depoimento, Alexandre confirma que pisou no lençol. Mas, segundo ele, foi apenas para alcançar a janela e fechá-la, depois de deixar Isabella no quarto ao lado. As outras duas marcas encontradas nas camas também são do chinelo do pai de Isabella, afirmam os peritos.



SOBRE UMA SUPOSTA TERCEIRA PESSOA

Para a polícia, se Alexandre e Anna Carolina demoraram pelo menos a metade desses 12 minutos no sobe e desce, o restante seria muito pouco tempo para a hipótese de o crime ter sido cometido por uma terceira pessoa. Ela teria, nessa suposição, seis minutos para abrir a porta sem deixar marcas, espancar e esganar Isabella, limpar o sangue da menina, cortar a rede de proteção da janela com uma faca, depois uma tesoura, atirar a menina, guardar a tesoura na cozinha onde sempre fica, lavar a fralda usada para limpar o sangue da menina, limpar vestígios de sangue no apartamento, mudar móveis de lugar, fechar a porta e fugir sem deixar vestígios. Na versão apresentada pelo casal, Isabella ficou sozinha no apartamento, somente o tempo em que Alexandre apenas desce pra pegar o restante da família e sobe novamente. Em depoimento ele afirma que Isabella ficou sozinha no período de mais ou menos 3 minutos, logo seria impossível uma terceira pessoa ter cometido esse crime.

Segundo os peritos, um assassino sem ligações com a família não escolheria de que quarto jogar a menina. E não levaria a faca e a tesoura usadas para cortar a tela até a cozinha. Por último, quem matou não teria a preocupação de trancar a porta do apartamento antes de ir embora. A cronometragem do tempo apontou que se houvesse uma terceira pessoa, ela teria exatos 16 minutos e 56 segundos para acessar o elevador, invadir o apartamento, agredir a criança, cortar a tela da rede de proteção da janela do quarto de onde a garota foi jogada, limpar e sair sem deixar vestígios.

Mas o GPS e o COPOM dão os dados conclusivos dos horários, o crime ocorreu em 12 minutos.



FRAUDE PROCESSUAL

Para o promotor, a cena do crime foi alterada pelo casal que também responde por fraude processual. “Enquanto o indiciado Alexandre descia pelo elevador, sua esposa Anna Carolina permanecia no imóvel alterando o local do crime, como já havia feito pouco antes de a ofendida ser jogada, apagando marcas de sangue, mudando objetos de lugar e lavando peça de roupa.” Cembranelli ainda afirmou que alguém tentou apagar manchas de sangue no carro de Alexandre, captadas apenas com equipamentos da perícia.

O Código Penal brasileiro, no artigo 347, prevê pena de 6 meses a quatro anos de prisão a quem altera cena de crime.

2 comentários:

  1. Já estamos aqui novamente no seu blog que muito nos interessa.
    Vamos postar dando os créditos a quem merece, claro.
    Maria Célia e Carmen

    ResponderExcluir
  2. esse trabalho eoo admirooo muito e eu quero ser
    iguais a vcs um ótimo perito criminall
    parabénss

    ResponderExcluir