29.10.09

Veja íntegra do depoimento da mãe de Isabella

Leia o depoimento de Ana Carolina Cunha de Oliveira, mãe de Isabella, dado à polícia em 2 de abril:

"Que comparece nesta unidade policial a declarante, informando que conhece [sic] a pessoa de Alexandre Alves Nardoni no mês de dezembro do ano de 1999, com o qual iniciou o relacionamento de namoro durante três anos e seis meses, do qual resultou o nascimento da filha Isabella de Oliveira Nardoni, no ano de 2002; que informa que tiveram um período de namoro de um ano e dois meses, em que a declarante freqüentava a residência dos pais de Alexandre e este a sua residência; que, antes do nascimento de Isabella, ficaram separados por dois meses, sendo que o principal motivo foram suspeitas de traições por parte de Alexandre e que tal período reataram o namoro e, em julho de 2001, engravidou de Isabella; que, durante o período de gestação a declarante estava se relacionando com Alexandre, quando então ele ingressou na Faculdade de Direito, oportunidade em que mencionou que tinha as amigas de faculdade Anna Carolina Trotta Peixoto Jatobá e uma outra que a declarante não se recorda o nome; que Anna passou a ser presença constante na vida de Alexandre; que quer salientar que durante a gravidez o foco era a criança e não mais a declarante, mas tudo correu normalmente até o nascimento de Isabella em 18 de abril de 2002; que, após o nascimento da filha, continuaram o relacionamento por 11 meses, se separando no início de 2003; que teve a certeza e a convicção de que havia uma traição por parte de Alexandre e o relacionamento foi rompido e a separação se deu quando Isabella já estava com 11 meses; que a declarante gostaria de deixar consignado que em uma festa ocorrida na casa de familiares da declarante, por motivos de menos importância, viu Alexandre ficar ofendido feita a ele por um parente da declarante, sendo que Alexandre deixou o local e retornou mais tarde, já completamente transtornado, sem camisa, desejando brigar com todos; que na época da separação definitiva não foi discutida pensão alimentícia para a menina; que Alexandre fazia visitas regulares à filha, sendo que a declarante não teve conhecimentos da vida cotidiana dele; que depois de um ano e alguns meses, a declarante veio a saber por intermédio dos pais de Alexandre que o mesmo já estaria mantendo um relacionamento de namoro sério com uma pessoa cujo nome desconhecia; que Isabella tinha um e quatro meses, matriculou a mesma na escola, pois Alexandre não queria que ela fosse à escola e, quando soube, achando que essa idéia era da mãe da declarante, ele foi até sua casa para discutir com a sua mãe; que não estava em casa, e quando ele chegou ele estava na porta de sua casa; que Alexandre estava transtornado, dizendo que ia resolver isso; que Alexandre estava de moto; que saiu por alguns instantes e retornou, dizendo que estava armado e que iria matar sua genitora [mãe da ex-mulher]; que a declarante registrou boletim de ocorrência sobre os fatos no 39º Distrito Policial - Vila Gustavo; que a ameaça era direcionada a sua mãe e à declarante; que Isabella permaneceu na escola; que concordou nas férias que Isabella fosse passar alguns dias, cerca de uma semana, no Guarujá, na companhia do pai, da esposa Anna Carolina e do filho do casal; que Anna Carolina, esposa de Alexandre, antes da viagem, foram [sic] até a casa do declarante; que ali chegaram Anna Carolina e Alexandre, ocasião em que a esposa de Alexandre quis que a declarante comentasse algo sobre o passado dela com Alexandre; que durante a conversa Anna Carolina demonstrava desequilíbrio, alterando a voz e por momentos chorava, que Alexandre a segurava pela cintura; que a declarante pediu para que diminuísse o tom de voz, dizendo que se quisesse estariam juntos; que sua filha seguiu viagem e, quando lá chegaram, recebeu um telefonema da irmã de Alexandre, proferindo à declarante palavras de baixo calão, dizendo que Anna Carolina ao chegar lá relatou que a declarante havia falado mal da família dele; que a declarante negou o fato, e disse que Alexandre havia presenciado a conversa; que pegou o seu veículo e foi até o Guarujá pegar sua filha; que lá chegando foi atendida pela mãe de Alexandre; que pediu a menina e ela se recusou a entregá-la; que a irmã de Alexandre apareceu e houve uma conversa no local; que a situação foi se harmonizando e aparentemente ficou tudo bem; que foi procurada por Anna Carolina através [sic] do seu MSN, ou seja, tinha conversas rápidas através [sic] do computador; que percebia que Anna Carolina queria aprofundar detalhes de sua relação com Alexandre, mas sempre desconversou; que a declarante percebeu que a intenção da esposa de Alexandre seria criar um quadro negativo da imagem da declarante para depreciá-la junto à família dele; que aproximadamente em 2004 a declaração ingressou com uma ação de alimento contra Alexandre e que houve por ele uma contestação dos valores, que acabou [sic] sendo regularizado; que quer salientar que nunca houve a falta de pagamento de pensão alimentícia, o que houve foi uma redução do valor da pensão, que foi aceito pela declarante, sendo que assinou um documento para isso e que nunca ingressou judicialmente com pedido de revisão do valor da pensão; que soube que no ano de 2005, acerca do nascimento do primeiro filho de Alexandre, e depois de dois anos, já em 2007, soube do nascimento do segundo filho, de nome Kauã; que até este período não se recorda de nenhum entrevero envolvendo a declarante e Alexandre; que, entretanto, em uma oportunidade sua filha foi visitar o pai Alexandre, que à época residia no antigo apartamento, e ligou para a casa dele, para conversar com a filha Isabella; que quem atendeu ao telefone foi Alexandre e em seguida passou para a filha Isabella atender; que após ter conversado com a menina, desligou; que, no decorrer daquela semana, tomou conhecimento por intermédio da mãe de Alexandre, via fone, de que o telefone acima mencionado, Anna Carolina teria se alterado em razão do telefonema dado pela declarante à filha, por motivos de ciúmes que na ocasião estaria com o filho no colo, e teria jogado este sobre a cama, passando a agredir Alexandre; que depois de tomar conhecimento desse evento, indagou a filha Isabella sobre os fatos, e esta relatou que pegou o irmão no colo que estava chorando; que quer esclarecer a declarante que os pais de Alexandre não se encontravam presentes no decorrer desta briga. mas foram chamados para apartar ou apaziguar os ânimos; que esclarece a declarante que todo e qualquer assunto que a mesma tivesse que tratar com Alexandre, este sempre recorria ao pai para solucioná-los e então por imposição de Alexandre, que se recusava a falar com a declarante, esta passou a tratar dos assuntos relacionados à filha Isabella com o pai dele; que era evidente que todas as brigas de Anna Carolina com Alexandre eram ciúmes exacerbados da declarante; que no decorrer dos dias as visitas de Isabella na casa do pai, que ocorria regularmente, sendo que a declarante nunca notou qualquer anormalidade, ou sequer a criança lhe relatou algum fato negativo; que Isabella, após chegar das visitas feitas ao pai, por vezes apresentava mordidas, pequenas marcas arroxeadas e a declarante a indagava sobre o que havia ocorrido e ela mencionada que o irmão Pietro lhe mordia e lhe dava beliscões; que Isabella chegou a mencionar, que tanto o pai quanto Anna Carolina e a avó, mãe de Alexandre, a incentivavam a revidar e que a declarante a orientava que esse tipo de comportamento não era correto; que em uma oportunidade a mãe de Alexandre comentou com a declarante que o neto Pietro havia beliscado Isabella e o pai Alexandre teria ficado irritado com o menino [e o] ergueu o filho a uma certa altura; que com relação aos fatos propriamente ditos, esclarece que na quinta-feira Santa, véspera de feriado, Alexandre não foi para o trabalho e ia levar Isabella e retirá-la na escola; que como Alexandre não tinha autorização para retirá-la, a declarante esqueceu de avisar o colégio para que liberasse Isabella a ele; que no horário de saída de sua residência, o transporte escolar apanhou Isabella, levando-a na escola e quando Alexandre passou na residência da declarante para apanhar a filha, esta já havia saído; que ele ficou extremamente nervoso com o fato, levando a declarante a ligar para Anna Carolina a fim de desculpar-se pelo ocorrido; que nesta ligação Anna Carolina comentou que ele tinha ficado muito bravo; que a declarante disse então a Anna Carolina que já havia avisado no colégio, autorizando Alexandre a retirar Isabella na escola; que em outra ligação minutos depois a declarante avisou Anna Carolina que anteciparia a retirada de Isabella na casa da avó, mãe de Alexandre e a pessoa incumbida seria o irmão da declarante; que Anna Carolina retornou a ligação dizendo que Alexandre se alterou e disse que o tio da criança não era nada dela e que não queria que ele fosse buscá-la; que então, para evitar maiores conflitos, se propôs a retirar sua filha na casa da mãe de Alexandre; que Anna fez nova ligação à declarante, dizendo que não iria levar a criança Isabella no horário combinado na casa dos avós paternos; que em razão destes fatos e para evitar outros problemas, a própria declarante saiu mais cedo do seu trabalho e retirou sua filha antes no colégio, antes do término das aulas. que após retirar Isabella da escola, adentrou no carro e ligou para Anna Carolina que havia pego a filha na escola; que, percebeu Alexandre estava na companhia de Anna Carolina, pois inclusive ouviu comentários de Alexandre, os quais eram repassados por Anna Carolina à declarante, sendo que a conversa foi no seguinte teor: a declarante indagou a Anna Carolina se Alexandre queria ver a filha; que, ela, Anna Carolina, repassou a Alexandre, o qual respondeu que não, que a declarante poderia ir embora e que ele a partir de agora resolveria isso de uma outra forma; que, além de Anna Carolina lhe repassar, a declarante pode ouvi-lo dizer; que, ainda questionou de que maneira ele iria resolver; que, ele mencionou para que a declarante relaxasse, pois ele ia resolver a situação; que, a declarante quer salientar que percebeu que nesta conversação telefônica havia uma exaltação muito grande por parte de Alexandre; que, no domingo Alexandre compareceu na casa de Alexandre para uma visita de Páscoa a filha; que, quinta-feira dia 27 de março, Alexandre e Anna Carolina estiveram na casa da declarante por volta das 21h30, para retirar o filho Pietro que brincava com Isabella na casa da declarante; que, na sexta-feira a filha da declarante não foi para a escola e então Isabella pediu para que a declarante ligasse para Anna Carolina para passar o final de semana com o pai; que, então ligou para Anna e esta, próximo a hora do almoço apanhou sua filha em sua residência; que, naquele dia à noite, conversou com Isabella, por volta das 17h30 ou 18h, e perguntou se a mesma estava bem; que, ela lhe respondeu que sim; que, no sábado ligou no celular de Anna Carolina e não foi atendida, não sabendo informar para onde teriam ido no sábado à noite; que, por volta das 23h55 a declarante recebeu uma ligação de Anna Carolina pelo celular, alteradíssima, gritando, que Isabella havia caído, na rua Santa Leocádia, explicando superficialmente o que havia ocorrido; que, mencionava que haviam jogado ela; que, a declarante respondia-lhe para fazer respiração boca a boca; que a declarante estava próximo do local e em instantes ali chegou e deparou-se com sua filha estendida ao chão; que, ao ver sua filha naquele estado, tinha consciência que precisava manter o controle, pois acreditava que sua filha estava viva, pois sentiu seu coração batendo; que, tentava reunir forças; que, percebia a sua volta que Alexandre gritava que havia ladrão lá dentro, para que pegassem ele; que, Anna Carolina gritava descontrolada e proferia palavras de baixo calão uma atrás da outra; que, houve um momento que mandou ela calar a boca, pois não agüentava mais aquela gritaria por parte de Anna;que, neste momento, ele xingou a declarante, dizendo que estava fazendo tudo aquilo para a filha dela; que, a declarante alega que não chegou a entrar no apartamento de Alexandre e que nunca esteve neste local; que a declarante não ficou sabendo dos fatos nem por Alexandre e nem por parente algum e que vem acompanhando os acontecimentos através da imprensa; que, no velório ouviu a mãe de Alexandre mencionar que o filho Alexandre não tinha culpa e que teriam que matar o bandido que teria praticado o crime; que a declarante gostaria de enfatizar, que durante o velório, em um único contato que teve com Anna Carolina, recebeu dela um abraço inexpressivo, acompanhado da seguinte frase: "você nem ligou para a menina no sábado", percebendo a declarante uma frieza incomum e que Alexandre, do momento da chegada no velório até o final do enterro de Isabella, não lhe dirigiu qualquer palavra e que nos últimos momentos ele aparentava estar abalado; que, na sua concepção acredita que Alexandre e Anna Carolina possam estar de alguma forma diretamente envolvidos no que aconteceu. Nada mais disse nem lhe foi perguntado, lido e achado conforme, [sic] vai devidamente assinado por todos e por mim, escrivão que o digitei."

Fonte: Folha de S.Paulo

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