14.12.09

Defesa do casal Nardoni pede à Justiça novo exame de DNA

Teste confirmou que material genético guardado pertence a casal.

Advogado alega que amostra coletada é de urina, não de sangue.

A defesa do casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá protocolou um pedido para a realização de novos testes de DNA, confirmou nesta segunda-feira (14) o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). O advogado do casal alega que a amostra que o Ministério Público afirma ter sido colhida dos acusados de matar Isabella, e que está no Instituto de Criminalística (IC), não é sangue, mas sim urina.


De acordo com Roberto Podval, o pai e a madrasta da menina, morta em 29 de março de 2008, cederam urina e não sangue quando foram realizar exames toxicológicos pela primeira vez no Instituto Médico-Legal (IML), em São Paulo. Eles estão presos em Tremembé, a 147 km da capital, e negam o crime.


A afirmação de Podval foi dada na sexta-feira (11) por telefone ao G1, dois dias após o IC ter divulgado resultado de um exame de DNA que comprovou que o material genético que está guardado no instituto desde 2008 pertence mesmo ao casal. O teste foi feito pelo IC a pedido pelos defensores dos Nardoni e autorizado pela Justiça, porque os advogados alegaram que Alexandre e Anna Carolina jamais haviam fornecido sangue no IML e existia dúvida sobre a procedência do material armazenado. Em 6 de novembro, eles cederam fios de cabelo e saliva para o confronto genético.

“O que a acusação diz ser sangue é, na verdade, material genético retirado da urina do casal. O que estou dizendo é que não é sangue que está guardado no IC porque eles [peritos] não colheram sangue, mas sim urina. Falei com os pais do casal. Disseram que seus filhos fizeram exame de urina. Portanto, todos os exames que a polícia diz terem sido feitos a partir do sangue que está guardado lá foram tirados do exame toxicológico feito na urina do casal. Só posso constatar que o exame de DNA não foi correto. Não confio no resultado”, afirmou Podval.

No novo pedido à Justiça, o advogado quer que o juiz Maurício Fossen autorize a realização de um novo exame, mas, agora, em um laboratório particular para saber se o que está no IC é mesmo sangue.

'Molho de tomate'

Desde o início das investigações, a Promotoria, a Polícia Civil e os peritos da Polícia Técnico Científica sempre sustentaram o contrário: que foi feita a coleta de sangue de Alexandre e Anna Carolina com a autorização deles. Essas amostras de sangue que estão no IC foram utilizadas para comparação com manchas encontradas nas roupas e no chão do apartamento onde Isabella estava. Segundo a polícia, o sangue do casal foi utilizado para gerar parte das provas contra eles.

Procurado para comentar as declarações do advogado, o promotor Francisco Cembranelli, responsável pela acusação, disse que o material genético que está guardado no IC é sangue do casal. “O material é sangue, a não ser que ele [Podval] ache que é molho de tomate”, afirmou Cembranelli.

Segundo o promotor, o exame de DNA de quarta-feira não foi feito para comprovar a autencidade do sangue que ele diz estar no IC. Cembranelli afirma que o resultado do teste serviu apenas para mostrar que o material colhido em 2008 é compatível geneticamente com os fios de cabelo e saliva do casal retirados no mês passado. “A pergunta que foi feita para o juiz [no pedido de exame] era se o sangue pertencia ao casal e não se aquilo era sangue. Agora ele diz que o que está lá é urina? Está bom. Ele precisa ler o processo: são ampolas de sangue que foram lacradas e abertas na nossa frente e de advogadas do escritório dele. Esse tipo de crítica é inaceitável.”

http://g1.globo.com/Sites/Especiais/Noticias/0,,MUL1414765-15528,00.html

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