SÃO PAULO - O juiz Mauricio Fossen, do 2º Tribunal do Juri do Fórum de Santana, em São Paulo, marcou para o próximo dia 22 de março, às 13 horas, a data do julgamento do casal Alexandre Alves Nardoni e Ana Carolina Jatobá, acusados pelo assassinato da menina Isabella Nardoni, em de março de 2008. Em sua decisão, o magistrado relata que todas as perícias complementares solicitadas foram realizadas, assim como o acesso das partes às provas que integram o processo.
Em seu despacho, o juiz Fossen determinou que as testemunhas sejam convocadas e que a presença dos réus seja requisitada no plenário. Alexandre e Anna Carolina estão presos em cadeias na cidade de Tremembé, no interior de São Paulo.
Na semana passada, exames do Instituto de Criminalística de São Paulo confirmaram que o material genético coletado do pai e da madrasta da menina em novembro deste ano coincide com as amostras de sangue do casal obtidas em 2008. O casal alegava que não havia cedido sangue para a perícia na época do crime. O sangue foi coletado na época para possíveis comparações genéticas com evidências do crime. O material está guardado no instituto desde então. Os advogados do casal pediram que o exame seja refeito.
O promotor responsável pelas investigações do caso, Francisco Cembranelli, disse que a defesa do casal vinha utilizando expedientes como esse para adiar o máximo possível a marcação do júri.
- Todo o sangue encontrado no apartamento é de Isabella. Nunca disse que era dos acusados. A extração de amostras foi necessária porque tínhamos objetos apreendidos com manchas e não sabíamos o que eram essas manchas - disse o promotor.
- Todo o sangue encontrado no apartamento é de Isabella. Nunca disse que era dos acusados. A extração de amostras foi necessária porque tínhamos objetos apreendidos com manchas e não sabíamos o que eram essas manchas - disse o promotor.
Para Cembranelli, o resultado divulgado nesta quarta-feira prova que Alexandre e Anna Carolina mentiram mais uma vez.
- O resultado mostrou que eles faltaram com a verdade mais uma vez. Eles sempre negaram que o sangue fosse deles. Foi necessária a coleta de saliva, o perfil genético foi comparado e o Instituto (de Criminalística) agiu de forma séria. Mostrou quem está falando a verdade - disse o promotor.
Para Cembranelli, a acusação contra o casal não está baseada nessa prova.
- Na verdade eles estão procurando algo que dê errado para tentar desqualificar o trabalho de investigação. Esse exame dentro do processo é irrelevante - explica Cembranelli.
O advogado de defesa do casal Roberto Podval não foi encontrado para comentar o motivo da recusa em ceder sangue.
Para o promotor, não há dúvida de que o casal matou a menina. Ele diz ter munição para provar isso. Cembranelli disse que as testemunhas de acusação trouxeram ao processo detalhes importantes sobre o comportamento do casal. Ele só vai revelar todos os detalhes no julgamento, que deve demorar pelo menos dois dias. O processo tem 22 volumes e cinco mil páginas.
- Há muitos elementos novos, mas não posso revelar porque a defesa vai sair correndo atrás para tentar neutralizar. Não posso falar que tenho uma carta na manga, porque vou receber um milhão de telefonemas de pessoas que vão querer sondar. Mas tenho argumentação contundente e ótimo acervo probatório - disse Cembranelli.
No julgamento, o promotor vai reconstituir o dia do assassinato, 29 de março. Ele pretende refazer o percurso do carro do pai de Isabella no dia. Segundo a polícia, Isabella começou a ser agredida ainda no veículo, na volta da casa dos pais de Anna Carolina, em Guarulhos.
- Temos o percurso do carro, já que o veículo tinha rastreador. Sabemos se houve paradas do veículo e até se a ignição foi desligada. Temos detalhes do GPS e alterações de segundos da trajetória, de passagens por determinados pontos que serão exploradas no momento oportuno - diz o promotor. Promotor relembra caso diariamente
- Temos o percurso do carro, já que o veículo tinha rastreador. Sabemos se houve paradas do veículo e até se a ignição foi desligada. Temos detalhes do GPS e alterações de segundos da trajetória, de passagens por determinados pontos que serão exploradas no momento oportuno - diz o promotor. Promotor relembra caso diariamente
O promotor Francisco Cembranelli relembra o caso diariamente. O processo é grande, com depoimentos longos. Entre junho e julho do ano passado, foram ouvidas 16 testemunhas de acusação e mais de 30 de defesa.
Cembranelli diz que existem muitos elementos no processo de como Nardoni e Anna Jatobá se comportavam. Segundo ele, Anna Carolina tinha personalidade forte, com alguns descontroles comprovados. Para o promotor, as testemunhas relataram situações concretas vividas com a madrasta de Isabella. Já as testemunhas de defesa tentaram mostrar o que nem mesmo o casal negou.
- Discussões corriqueiras tenho com a minha esposa. Nunca ninguém na vizinhança foi chamado para apartar brigas. Algumas pessoas disseram que a relação dos dois era maravilhosa, mas nem eles disseram isso. As pessoas vêm com o intuito de ajudar, mas acabam prejudicando.
O casal parece bem integrados à rotina da cadeia. Alexandre divide uma cela de 24 metros com quatro presos. Ele chegou a participar de aulas de música, mas acabou desistindo. Anna Carolina se dedica a orações em cultos evangélicos e ajuda na limpeza da cadeia.
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