Com a filha Isabella nos braços, Alexandre Nardoni sobe na cama e, após desequilibrar-se, acaba deixando uma pegada no lençol. Por um buraco de 47,5 cm de diâmetro feito na tela de proteção da janela, ele joga a filha — de apenas 5 anos — de uma altura de 20 metros. Para convencer os jurados da tese da acusação no julgamento de Alexandre Nardoni e de Anna Carolina Jatobá, madrasta de Isabella, o promotor Francisco Cembranelli contará com o auxílio de uma maquete do prédio e do apartamento do casal feita sob encomenda. O julgamento está marcado para começar na próxima segunda-feira, em São Paulo.
O uso da maquete, segundo o promotor, é para facilitar o entendimento do crime e detalhar a participação de cada um no assassinato que chocou o país, em 29 de março de 2008. Cembranelli considera ser muito difícil para o jurado, em qualquer júri, entender olhando uma simples fotografia. O cenário de onde Isabella foi jogada foi reproduzido exatamente como deixado após o crime. A cama com o lençol sujo, o cobertor desarrumado e as marcas de sangue no chão.
— Acredito que este é o primeiro caso em que uma maquete será usada num julgamento. Recebemos o pedido do Instituto de Criminalística, em novembro, e passamos cerca de três meses na elaboração da maquete — informou Fábio Fogassa, dono da empresa Maquetes Fogassa, responsável pela miniatura.
Doze funcionários da empresa participaram do projeto. Para reproduzir a cena do crime, os profissionais tiveram acesso às fotos feitas pela perícia e visitaram apartamentos no Edifício London, Zona Norte de São Paulo, onde ocorreu o crime.
— Não pensamos que ali havia ocorrido um crime. Nosso objetivo foi deixar o ambiente o mais próximo da realidade possível — acrescentou Fogassa, preferindo não revelar o quanto recebeu pelo trabalho.
Para a defesa, não há motivos para temer a maquete.
— A realidade é que se a maquete for bem feita, ela não prejudicará nosso trabalho. Se retratar os detalhes e a vulnerabilidade do prédio, ela vai reforçar a nossa convicção de que o casal não matou Isabella — disse Ricardo Martins, advogado do casal Nardoni.
Sorteio vai definir jurados
Quarenta pessoas foram convocadas para o júri, mas apenas sete vão decidir o futuro do casal. Os jurados participarão de um sorteio. Defesa e acusação poderão descartar aqueles que não consideram interessantes.
- Os advogados e os membros do Ministério Público fazem a escolha, e três recusas podem ser imotivadas, ou seja, sem explicar porque você está rejeitando aquele jurado - explica o advogado criminalista Sergei Cobra Arbex.
Em uma sala de 300 metros quadrados, no Fórum da Barra Funda, os jurados vão conhecer as provas, ouvir testemunhas e os argumentos da acusação e da defesa. No centro da sala, ficará o juiz. Ao lado dele, o promotor. Réus e a defesa ficarão perto da janela. Os jurados, no lado oposto.
Dos 77 lugares da plateia, 20 foram reservados para jornalistas. O restante será ocupado por convidados, parentes dos réus e da vítima.
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Só uma correção, o forum é o de santana, e não o da barra funda, como citado no texto.
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