5.10.09

A origem de toda essa defesa lunática

Versão da terceira pessoa, versão de acidente, afinal o que aconteceu com a defesa do casal?

Na verdade o que ocorre não é nada novo e isso vai ser mostrado agora.

Tudo isso veio à tona devido à um "acidente na tese", sim, acidente na tese da terceira pessoa, ela não convenceu, deu errado (ok, isso é mais que óbvio, mas eu não poderia deixar de dizer). A tese de acidente é antiga, mas é de tal forma inverossímel que nem a defesa arriscou usar antes.

Agora, no auge do desespero, já sem alternativas, aproveitando a carona no acidente da menina Rita do RJ e empurrados pelo lançamento do livro , o advogado Podval aparece sorridente no fantástico, tal qual Bugu na historinha do Bidu, e diz "Alô, estamos aqui e temos mais uma mirabolante versão para apresentar a todos vcs, confiantes na famigerada mídia sensacionalista".

O reporter Salaro foi usado como um apresentador de circo, nas duas vezes em que prestou serviços ao casal e seus advogados.

Na primeira vez ele sentou-se diante de feras, apenas para dizer " são tão mansinhos".

Na segunda vez ele anunciou o show de mágica, pegaram um monstro da Tazzmânia e transformaram em um coelhinho. Mas o fato dos expectadores não terem acompanhado o truque não impede que vejam e saibam que o coelho mostrado ali, não é o Tazz visto antes, a população sabe que aquela família perfeita com lar perfeito não existe.

Culpados não podem ser transformados em inocentes em um passe de mágica.

Vejamos então de onde veio isso tudo, versões sem esganadura ,terceira pessoa, acidente...

O que todos já sabemos: O casal agrediu Isabella no carro, subiu para apartamento com ela já ferida, cortou a tela, jogou Isabella pela janela , moveu móveis e limpou algumas manchas de sangue para modificar a cena do crime, fizeram isso atuando simultaneamente, para tentar esconder que ela foi agredida e esganada por eles antes de ser lançada do sexto andar.

A versão da Terceira Pessoa foi a primeira a ser adotada pelo casal, ainda na cena do crime. Mas já aí a esganadura foi uma pedra no sapato. Porém, eles só tiveram idéia de tentar negar a esganadura após terem sido procurados por um criativo escritor, cuja necessidade de negar a esganadura era outra, ele precisava disso para fazer valer sua própria fantasia, a Tese Lunática, a Tese de acidente.

Essa Tese de Acidente foi registrada em um livro, de Paulo Papandreu, o pai da tese Lunática.

Segundo o autor , Isabella teria sido deixada pelo pai, dormindo no quarto, ele teria trancado a porta, descido e subido em seguida com o restante da família, e nos cerca de 3 minutos de intervalo em que ficou sozinha (segundo essa versão), a menina acordou, procurou o pai pelo apartamento, gritou "Para Papai, Para Papai" porque queria que o pai parasse de se esconder e aparecesse, se machucou em objetos da casa, foi até a janela, depois foi até a cozinha procurar faca, não conseguiu cortar a tela, voltou para pegar tesoura, depois de cortar a tela sozinha ela volta para cozinha e guarda os objetos, tenta procurar o pai lá fora da janela e cai. Tudo isso no mesmo intervalo em que um agressor adulto sozinho não teria tempo para fazer, além disso o Papandreu "some" com a esganadura.

Para complementar sua versão, Paulo Papandreu sugere que Ana Jatobá teria modificado, limpado a cena do crime. Teria feito isso, e mentido também, para se proteger e proteger o marido.  

É...pasmem.

Interpretando os relatos do livro de Papandreu, foi no dia da primeira entrevista do casal no Fantástico que ele analisou os acusados, foi pelas notícias na TV que ele imaginou sua tese e despertou o interesse em negar a existencia da esganadura, visto que ela não se encaixava em suas idéias :

"Se eles eram assassinos, deveria haver alguma contradição na fala, atitude e postura.

Cruzando e combinando as informações veiculadas, não encontrei nenhuma incongruencia que acusasse definitivamente o casal. Questionei-me ainda mais. O expectador curioso deu lugar ao profissional metódico. A esganadura pareceu-me estranha no ninho, intrusa." (pag.16)


Quando criou a tese de acidente, a esganadura era uma pedra no sapato, segundo Papandreu relata em seu livro, foi ele que sugeriu a contratação de Sanguinetti.

Isso mesmo, ele sugeriu que contratassem Sanguinetti para negar a esganadura e viabilizar sua própria fantasia. Mas quem é Papandreu?

Na minha visão, uma pessoa que aproveitou a oportunidade, como diriam alguns, um "oportunista", muito criativo, podemos classificar como um verdadeiro lunático...

Para descrever Papandreu e como ele chegou a sua versão fantasiosa, vou reproduzir alguns parágrafos do livro dele, que resumem quase tudo:

Pela primeira vez, depois de 30 anos de exercício médico, estaria no cenário de um possível crime em busca de novas evidencias, investigando. O objetivo era perceber algo além do conhecido e batido, saber mais, analisar se o local ofereceria o ambiente compatível com minhas suspeitas."(página 11)

Sim, Papandreu nada mais é que um médico que gosta de escrever estórias, e antes mesmo de sequer visitar o local do crime já tinha uma tese, só queria literalmente olhar o apartamento para encaixar sua fantasia, sem nenhum embasamento pericial oficial vinculado ao caso Isabella. Ou seja, ele criou sua tese previamente sem nenhum comprometimento com os fatos reais comprovados pela perícia realizada no local.  

Perito? Especializado? Criminalista?

Experiente em pelo menos um caso similar, uma investigação de local de crime?

Nada disso.  

E como ele chegou as suas "conclusões" ?

"Em menos de 30 minutos já tinha verificado tudo o que, para mim, o apartamento poderia informar. Mesmo assim continuei lá até a metade da tarde, quando então, todos terminaram os trabalhos."(pag.14)

Em menos de 30 minutos...sem nenhuma tecnologia, nenhum reconstituição, sem nem mesmo falar com os acusados... A versão contada pelo Papandreu chega gerar riso. Caso não tivesse relação com a tragédia da morte de Isabella, eu diria que ele escreveu uma obra de humor negro.

Em algumas páginas ele reproduz um diálogo fictício, onde criou personagens para reproduzir seus pensamentos e explicações sobre a própria tese. Num dos trechos ele compara a analise dos peritos do IC com o episódio do jogador Ronaldo Fenômeno, que teria confundido travestis com mulheres, e que até Ronaldo, segundo ele um especialistas em mulheres, se confundiu, então os peritos do IC com mais de 10, 20 anos de experiencia, também poderiam ter se confundido.

Tenho que comentar aqui...lamentável esta comparação.

Na pág.28 Papandreu relata como Dr.Sanguinetti chegou ao caso.

"Dr.Sanguinetti entra em cena

Nessa época, ligava quase diariamente para o escritório do advogado Marco Pólo Levorin, defensor do casal Nardoni. Nesses contatos, conversei com os quatro advogados que tratavam do caso. Percebi que eles acreditavam na inocencia do casal.

Tentei convence-los de que deveriam pedir revisão das perícias, principalmente da área médica.

Argumentava que ali estaria a solução do quebra cabeças. Insisti que a esganadura poderia não ter acontecido. Numa dessas conversas, sugeri o nome do Dr.Sanguinetti para o trabalho de revisão. Tive dificuldades nessas conversas. Para muitos advogados, é difícil abordar temas médicos em profundidade. Explicável: são de uma área diferente do conhecimento. É possível que minha sugestão tenha contribuído para que o Dr.Sanguinetti tenha sido convidado pela Defesa para revisar os laudos. Foi um alívio, pois sua competencia é nacionalmente reconhecida. Imediatamente, descobri o telefone do Dr.Sanguinetti e liguei.

Minha intenção: instigá-lo a entrar no caso. Ele pedira aos advogados 15 dias para analisar e responder se aceitaria. Por fim, ele concluiu o que eu já suspeitava: a esganadura não existiu, conforme o parecer produzido, transcrito na íntegra neste livro. Num dos contatos telefonicos, o Dr.Sanguinetti convidou- me para ir a São Paulo juntar-me a equipe que estava defendendo o casal. De imediato, disse que não iria, pois minha colaboração estava dada. Já havia dito com clareza o que pensava. "Tem que ser descartado o acidente doméstico! Ainda mais agora que o senhor declarou que esganadura não existiu", argumentava com o Dr.Sanguinetti. Terminada a conversa, me senti incomodado por ter recusado o convite. Senti-me omisso. Esse sentimento não durou mais de 15 minutos. Liguei novamente para o Dr.Sanguinetti e me dispus a ir a São Paulo por conta e risco.

Ressalvei que se minha tese fosse útil gostaria de receber o mesmo que ele. Caso fosse decisiva, aí o valor seria compatível com a sua importância. O Dr.Sanguinetti me disse que não poderia decidir sozinho e que conversaria com os advogados. No dia seguinte, pediu que eu fosse a São Paulo. Fui."

Agora fica fácil entender, todo o rumo tomado pela defesa...

A idéia de eliminar a esganadura foi semeada por Papandreu, mas inicialmente sua teoria foi aproveitada, digamos assim, pela metade.

Numa primeira tentativa a defesa tentou usar a idéia de eliminar a esganadura para viabilizar a versão da terceira pessoa. E agora, num interminável rolar morro abaixo, eis que a defesa consegue o inimaginável, se ver neste embroglio fantasioso. Amarrados em um acordo financeiro à um escritor, criador da nova tese adotada por eles. Escritor este que ao ser processado pelo livro que fere a memória de Isabella e causa sofrimento , publicado sem autorização, chega ao ponto de declarar publicamente em entrevista no site G1 que "se seu livro for proibido pela Justiça por causa da tese que escreveu, a nova defesa do casal Nardoni também não poderá usar a hipótese de acidente doméstico no júri".

Após tudo isso é fundamental lembrar que os laudos oficiais e a versão oficial apresentada pela perícia no caso Isabella foram realizados por profissionais do IC de SP que já vivenciaram experiência imensurável, só em 2007 a equipe do Instituto de Criminalística de SP trabalhou em 10.000 casos. Os peritos do Núcleo de Crimes contra a Pessoa do IC também tiveram participação importante em casos de grande repercussão na mídia, como o do atirador que invadiu o cinema do Shopping Morumbi, em 1999, e do assassinato do casal Richthofen, e muitos outros crimes poderiam ser exemplificados aqui. Este núcleo possui um dos laboratórios mais modernos do país e da America Latina, contando com tecnologia de ponta, importada de outros países.

Segundo o livro do autor, ele ligou muitas vezes para os advogados, insistindo na idéia de eliminar a esganadura, e foi ele que sugeriu o nome Sanguinetti, por fim o acerto de contas, ele receberia o mesmo valor de Sanguinetti se a tese fosse aproveitada. E se fosse decisiva seria compatível com a "importância".


Ele diz ainda que teve um encontro com avô da Isabella e os advogados de defesa, e o primeiro assunto foi o financeiro, o autor teria explicado o combinado com Sanguinetti, só receberia pagamento se a tese servisse para alguma coisa...

Um comentário:

  1. alem de criminosos, ainda contratam um lunático desses pra tentar confundir a opinião publica. vergonha!!!!!!!!!!

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