Um mês depois do julgamento dos Nardonis, o promotor Cembranelli reecontrou-se com juiz
O cenário foi o mesmo: Fórum de Santana, zona norte da capital. Há exato um mês depois do julgamento do casal Nardoni, que parou o País, o promotor público Francisco Cembranelli e o juiz Maurício Fossen voltaram a protagonizar uma audiência no 2° Tribunal do Júri. Mas, ao contrário do júri do mês passado, que terminou com a condenação de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, o ambiente ontem era totalmente diferente.
Apenas 11 pessoas assistiram ao julgamento, que começou às 13h30 e durou nove horas - bem ao contrário do longo e “interminável” júri pela morte de Isabella Nardoni, que durou cinco dias e teve a sentença anunciada na madrugada de 27 de março.
Ontem, em vez de um forte esquema policial, apenas dois PMs faziam a segurança do plenário. Nem de longe tinha a agitação da última semana de março, que foi marcada pela presença diária de populares e manifestantes, de mais de 100 policiais militares, dentro e fora do tribunal, e de um batalhão de jornalistas - ontem só havia a reportagem do JT .
No banco do réu, estava o comerciante Flávio Cordeiro, de 33 anos, pai de uma menina de seis anos, acusado pela polícia e pelo Ministério Público como responsável pela morte de um ‘adversário’ pelo comando de pontos de tráfico na zona norte. A sentença foi lida por volta das 22h20: ele acabou condenado a 16 anos e 4 meses de prisão.
Há quase 11 anos, Paulo Evangelista, que na época do crime tinha 25 anos, foi morto com três tiros. Após longa investigação, a polícia chegou ao nome de Cordeiro como autor dos disparos.
O réu já respondeu a processos por furto, roubo, falsidade ideológica e porte de drogas.
Diante de quatro parentes seus que estavam na plateia quase vazia, Evangelista chorou ao lembrar que durante o processo só assumiu o crime porque foi torturado por policiais. “Isso é mentira. Esse choro não me convence”, disse Cembranelli. Depois da leitura da sentença, ele destacou que foi um “júri difícil”, pois o caso ocorreu há quase 11 anos.
Cembranelli contou à reportagem que, na semana passada, já havia participado de um julgamento, o primeiro após o júri dos Nardonis. “Por falta de provas, até defendi a absolvição do réu”, admitiu ele. Sobre o reencontro com o juiz Maurício Fossen, o promotor demonstrava naturalidade. “Temos um respeito mútuo.”
O advogado do réu, Sérgio Bortoleto, admitiu que enfrentar Cembranelli após o julgamento dos Nardonis seria mesmo mais difícil. “Ele ganhou uma grande notoriedade. A sociedade passou a ter uma simpatia muito grande por ele, que virou um herói”, comentou.
Já Cembranelli afirmou que iria embora com a sensação do dever cumprido. “Já são mais de mil júris em 22 anos de carreira. Esse foi mais um.”
LEANDRO CALIXTO, leandro.calixto@grupoestado.com.br
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